Daniel Alves pede a Neymar 1 milhão de euros para pagar fiança e deixar a cadeia na Espanha

Publicado em 20/03/2024 as 12:24

Condenado por estupro na Espanha, o jogador Daniel Alves recorreu ao amigo Neymar Jr. para pagar a fiança de 1 milhão de euros (R$ 55 milhões) imposta pela Justiça para que ele deixa a prisão ainda nesta quarta-feira (20).

Segundo o jornal espanhol La Vanguardia, citando fontes do entorno do jogador, o pedido teria sido feito ao pai do atacante da seleção brasileira, Neymar da Silva Santos.

Daniel Alves teria recorrido a Neymar, ainda segundo a imprensa espanhola, porque está com pendências judiciais com a ex-mulher brasileira, que pediu o bloqueio de seus bens, estimados em 55 milhões de euros.

O pai de Neymar já teria se colocado à disposição de Alves para ajudá-lo a pagar as constas do processo enquanto estiver com os bens bloqueados pela Justiça. Todas as outras medidas impostas pela Justiça, como a entrega dos passaportes espanhol e brasileiro, já estão sendo providenciadas pela advogada Inés Guardiola.

Em janeiro, ele confirmou a doação de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil) a Daniel Alves para que ele pagasse uma espécie de fiança que acabou por atenuar sua pena.

"A família nos pediu ajuda. O Daniel não tinha dinheiro para se defender, e o prazo para o pagamento da defesa estava expirando. Pense bem, em nenhum momento, eu podia negar ajuda a um amigo que está tentando se defender de uma acusação", disse Neymar da Silva Santos, no dia 9 de janeiro, em entrevista ao ex-jogador Emerson Sheik, na CNN Brasil.

A doação da família de Neymar a Daniel Alves foi fundamental para a redução da pena. A Justiça espanhola aplicou à pena do jogador um atenuante de reparação de danos porque, "antes do julgamento, a defesa depositou na conta do tribunal o montante de 150 mil euros para que pudesse ser entregue à vítima independentemente do resultado do processo". A pena foi metade do que pedia o Ministério Público do país, de 9 anos de prisão.

Entenda

A Justiça da Espanha concedeu nesta quarta-feira liberdade provisória ao jogador brasileiro Daniel Alves. Ele foi condenado a quatro anos e meio de prisão por ter estuprado uma mulher de 23 anos, em dezembro de 2022, em uma casa noturna de Barcelona, na Espanha.

Para ganhar a liberdade, o jogador brasileiro terá que pagar fiança de 1 milhão de euros (cerca de R$ 5,5 milhões) e entregar os passaportes brasileiro e espanhol.

Além disso, Daniel Alves deverá se apresentar semanalmente à justiça espanhola e está proibido de chegar a uma distância de menos de 1 quilômetro da vítima.

A decisão se deu após Daniel Alves afirmar que não vai fugir do país em audiência na 21ª Seção do Tribunal de Justiça de Barcelona nesta terça-feira (19).

"Não vou fugir. Confio na Justiça e estarei sempre à sua disposição", disse o jogador, segundo jornal La Vanguardia.

Segundo o La Vanguardia, a Justiça espanhola temia que Alves fugisse do Brasil, onde tem família, filhos e amigos. Mas, acredita que a entrega de passaportes será suficiente para evitar que ele escape.

A decisão não foi unânime. O relator do caso votou contra a liberdade provisória e pediu que o jogador fosse mantido preso diante do perigo de fuga. Mas, foi voto vencido.

Ester García Lopez, advogada da mulher de 23 anos que foi vítima do estupro, já havia se declarado contra a liberdade ao jogador brasileiro.

"A defesa tinha pedido em novembro a liberdade provisória do seu cliente. O tribunal entendeu que não procedia porque havia risco de fuga. Três meses se passaram e acredito que a situação é a mesma, ainda mais quando tem uma sentença para o crime de estupro. Para mim, o risco agora é ainda maior", disse.

Pedidos de liberdade

Em fevereiro, um ex-companheiro de cela afirmou que o ex-atleta fugiria para o Brasil caso recebesse liberdade provisória. O homem relatou que Daniel Alves confessou um suposto plano de driblar as próximas etapas do processo penal aberto contra ele e fugir para o Brasil assim que sua defesa obtivesse a liberdade condicional.

"Se lhe derem [liberdade provisória] enquanto aguarda julgamento, ele aceita e vai para o Brasil", afirmou o ex-detento, que teve a identidade preservada na entrevista ao programa de televisão espanhol Fiesta, da rede TardeAR.

O documento oficial do Ministério Público, deste ano, apontou decisão de manutenção da medida de prisão provisória:

"A Procuradoria de Barcelona opõe-se ao pedido de liberdade formulado pela defesa de Daniel Alves e considera que a medida de prisão provisória acordada deve ser mantida, entendendo que ainda existe o risco de fuga, dada a natureza dos fatos, as elevadas penas que poderão ser aplicado pelo crime investigado e a profundidade do julgamento oral", diz o arquivo.

O MP e a acusação ainda reforçaram o pedido de aumento de pena maior do que a imposta. As penas pedidas pelo Ministério Público, de nove anos, e pela defesa da vítima, que exigiu 12 anos de detenção, foram desconsideradas no julgamento.

A sentença foi dada pela juíza Isabel Delgado na 21ª Seção de Audiência de Barcelona. O jogador terá uma pena de liberdade supervisionada de cinco anos, que será cumprida após o término da pena. Além disso, ele também terá que cumprir nove anos de afastamento da vítima, à qual ele deve pagar uma indenização de 150 mil euros (cerca de R$ 804 mil). O ex-jogador também deve pagar as custas do processo.

O jogador foi enquadrado na lei “só sim é sim”, aprovada em 2022 com o intuito de proteger mulheres de abusos sexuais.

Caso de estupro

O caso veio à tona no dia 31 de dezembro de 2022, quando o diário catalão ABC noticiou que Daniel Alves teria violentado sexualmente uma jovem na boate Sutton, em Barcelona. A mulher, de 23 anos, alegava ter sido agredida pelo jogador, que, inicialmente, afirmou não conhecê-la.

O processo teve início no dia 10 de janeiro de 2023, quando a Justiça espanhola aceitou a denúncia e começou a investigar o jogador. Ao longo do mês de fevereiro, Daniel mudou sua versão sobre o caso diversas vezes, desde negar qualquer relação com a vítima até admitir, posteriormente, que houve penetração, mas de forma consensual.

No dia 20 de janeiro, a juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão preventiva do jogador, alegando inconsistências em suas declarações e o risco de fuga. Daniel Alves teve três pedidos de liberdade provisória negados, sendo alegado risco de fuga.

Nesse período, surgiram novas evidências, como imagens das câmeras de segurança da boate mostrando Daniel Alves e a denunciante trancados no banheiro. Resultados de exames indicaram a presença do DNA do ex-jogador nas amostras intravaginais da vítima.

O julgamento de Daniel Alves ocorreu nos dias 5, 6 e 7 de fevereiro deste ano. O ex-atleta mudou de versão cinco vezes e condenado a 4 anos e 6 meses de prisão, com possibilidade de recurso.